segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A política está no fim! Haverá uma revolução suave?

Reflexões sobre a eliminação geral dos partidos políticos.
Por Eva Herman
Kopp Verlag Online
O que é que é mais impopular? Os políticos ou os seus partidos? Correcto: Estão bem uns para os outros. É como o  vómito está para a saliva. Será que estou a ser mazinha? Longe disso. Os cidadãos da Alemanha, os eleitores da Europa já não querem saber deste sistema. Todas as sondagens demonstram que a confiança nos partidos e nos seus dirigentes está muito por baixo. Chegou a altura de se pensar seriamente na abolição de todos os partidos políticos.
Imagine que chega o dia de amanhã e que já não existem. Tão pouco existem políticos. Não há verdes, vermelhos, azuis, amarelos, castanhos, etc. no panorama político, nem primeiro-ministro, nem ministros federais, secretários de estado, ou deputados. Aquilo que mais ou menos legitimou e manteve unidos todos os sistemas políticos, desde o Império, tudo eliminado! Não se vê nenhum cabeçalho sobre disputas partidárias, incumprimento de promessas eleitorais, o fim da € convulsão, a dissolução de perfis políticos para o centro, podendo-se escolher com confiança a esquerda ou a direita. As especulações sobre os Bilderberger e demais organizações secretas mundiais seriam águas passadas e jornalista algum teria de bajular ou ameaçar alguém com revelações desagradáveis porque – imagine – o sistema partidário teria deixado de existir.
Afirmo já de antemão, antes de este relatório seguir em frente, que é o que vai acontecer. Sem qualquer dúvida. A questão é de saber quanto tempo vai demorar ainda. O sistema encontra-se na batalha final, indiferentemente, em que parte do mundo isto foi planeado, ou não. Portanto, já não adianta clamar pela criação de novos partidos, enquanto os antigos acabam por dar cabo de tudo. Já não dá nada, o sistema morreu.
É curioso, mas os actores ainda não deram por nada. Estão demasiado ocupados consigo próprios e com a destruição de todos os valores residuais e da humanidade. AINDA não repararam, porém, num ou noutro, pode ter surgido, de vez em quando, como que o sentimento inconcebível, o receio difuso da perda iminente do poder e da existência. Já se contorcem em agonia e ainda pensam que é agilidade, o activismo cego aumenta o comportamento disparatado como na embriaguez.
Como eu já disse, ainda desconhecem o desmoronamento, contudo, este já está à porta, porque a finalidade secreta de cada partido é, na realidade, autodestruir-se um dia, qual cancro prolífero. Porquê? Já vamos ver.
Afinal, que é que significam os conceitos política e partidos, hoje em dia? São utilizados demasiado obviamente para satisfazer objectivos pessoais de políticos individuais, sendo os piores e ao mesmo tempo os mais importantes: poder e benefícios financeiros, além da longa lista de todas as vaidades. Há muito que o bem-estar do povo e a implementação de um sistema justo para a sociedade deixou de ser prioridade. Democracia? O que era isso mesmo?

Nada disto é novo, evidentemente. Há mais de 70 anos, a jornalista e filósofa francesa Simone Weil afirmava a sua convicção de que o sistema partidário não passava de um nado-morto, desde o início. São pensamentos notáveis que podem ser lidos numa nova edição do precioso livrinho. Que livrinho precioso? As suas 48 páginas são sensacionais. É muito provável que alguns tenham ansiado, inconscientemente, pelo que elas contêm. O resultado claro da sua análise crítica é que os partidos políticos devem ser abolidos. O que é que os deve substituir, perguntamos desesperados?
Simone Weil tem boas ideias sobre isso, e todos os que procuram com urgência respostas fiáveis chegam a uma nova tomada de consciência e de um novo conhecimento, através da leitura, se a sua mente e o seu coração lhes estiverem mais perto do que o porta-moedas e o prestígio. O leitor é preparado para os novos tempos e para o que vier depois. Seja o que for que cada um entende com isso.
Para avançar soluções é preciso que haja um inventário do problema. Neste caso, chama-se sistema partidário, como já dissemos. Para avaliar os partidos políticos segundo os critérios da verdade, da justiça e do bem comum – um dos objectivos do livro – temos de identificar, primeiro, as suas características essenciais. A jornalista enumera três:
1.       Um partido político é uma máquina para produzir paixão colectiva.
2.       Um partido político é uma organização construída de maneira a exercer pressão sobre o pensamento colectivo de cada um dos seus membros.  
3.       O primeiro e único objectivo de cada partido político é o seu crescimento sem qualquer limite.

Simone Weil resume os três pontos acima mencionados dizendo que, na abordagem básica e na luta, todos os partidos políticos são totalitários. Para todos os que contactaram mais de perto com a vida dos partidos, são verdades factuais. O facto de o único objectivo de cada partido político ser o seu crescimento sem limites, Weil considera ser um fenómeno que ocorre «onde o colectivo controla os seres que pensam».
Como é exercida essa pressão colectiva? O mecanismo é claro e ninguém poderá negá-lo. É através da propaganda. «O objectivo confessado dessa propaganda é a persuasão, não a difusão de luz e esclarecimento». Como ela tinha razão, já nessa altura, há mais de 70 anos. E como é bom para nós ela ter apontado as suas ideias sábias. Bem precisamos delas hoje.
Nada, absolutamente nada se alterou desde então, excepto a aceitação dos partidos políticos e dos seus representantes, pelos cidadãos. Enquanto, antigamente, era uma festa quando, por ocasião de uma campanha eleitoral, numa capital distrital, o cidadão bem-comportado pudesse ver o olhar solícito do admirado e reverenciado Chanceler ou presidente, e que este talvez até lhe estendesse amavelmente a mão, hoje, um encontro desses só provoca bocejos e tédio. Segundo o lema: Esta, ou este, outra vez! Ou então a frustração e a fúria estão a crescer. Sobre tanta inaptidão. E audácia. E falta de vergonha. Eles estão actualmente a saldar a Europa! Desapareçam da nossa vista, antes que fiquemos enjoados!
Sim, os homens alteraram a sua maneira de pensar, os políticos evidentemente também. A honra, o decoro e os valores morais são grandemente águas passadas. É altura da liquidação. Entretanto, procuramos em vão a imagem cristã do homem, em Berlim. É mais fácil encontrar lá pressão colectiva através de propaganda. Devido à Era da Comunicação e à Era dos Media os cidadãos também se transformaram noutras pessoas, em cidadãos enfurecidos. São mais energéticos, mais dispostos à revolta, estão cada vez mais insatisfeitos. Eles conhecem os seus direitos muito bem, sabem o que lhes compete. Isso é devido em grande parte ao generoso modelo de estado de providência de Adenauer que envolve, mima e afaga as pessoas, há mais de 60 anos, e praticamente as liberta de toda e qualquer responsabilidade pessoal. Mas enquanto a rádio e a televisão puderem emitir, e o Lidl tiver as prateleiras sempre cheias, o crítico ponto de ebulição não será atingido.
É longa a lista das coisas que correram mal no sistema partidário, não nos vamos deter com isso agora. Acima de tudo, temos de descobrir qual é o método que poderia substituir o actual sistema partidário.

Simone Weil fornece uma definição precisa. Afinal existe uma única finalidade à qual cada pessoa, cada instituição e cada partido pode servir. Felizmente a autora rapidamente diz qual é. Nomeadamente, não é o crescimento, nem a influência sobre o colectivo ou o exercício do poder. É muito mais simples, mais fascinante e mais certo. É o bem! Isso é tão abrangente que a sua descrição não é feita em apenas alguns parágrafos. Simone Weil adverte, rapidamente, que o pensamento colectivo é incapaz de se elevar por cima do domínio dos factos. A sua noção do bem talvez bastasse para cometer o erro de pensar que este ou aquele meio era um bem absoluto. Fora com essas vaidades!
Quando uma pessoa quer o bem, e só quer praticar o bem, jamais poderá trabalhar num partido. A jornalista explica-o claramente e felizmente ajuda-nos com a sua apreciação claríssima a compreender a situação: «Se uma pessoa filiada num partido está firmemente decidida a manter-se fiel exclusivamente à sua luz interior, em todos os seus desígnios, então, não poderá dar isso a conhecer ao seu partido. Consequentemente, estará numa situação de mentira em relação a este».
É maravilhosamente audaz poder simplesmente exprimi-lo. Mas não será já tempo de sair corajosamente dessa espiral que não pára de girar? Há muito que sabemos que a política está no fim.
Simone Weil não é apenas ousada, mas a sua análise torna-se cada vez mais dura a cada página. Ela descreve as várias formas da mentira política e arranca com isso a máscara dos representantes do povo. O leitor não fica furioso, mas atónito, também em relação a si próprio. É que, na realidade, há muito que o podíamos ter descoberto. Como que com a ponta de uma espada feita do melhor aço, ela penetra na nossa consciência e adverte: «Uma pessoa que não se tenha decidido a ser fiel exclusivamente à sua luz interior estará a instalar a mentira na sua alma. O castigo será a escuridão interior».
Neste momento, já podemos ouvir uivar, quais lobos feridos, todos os nossos jornalistas de qualidade mais os seus amos políticos, perante estas ameaças impiedosas, contudo verdadeiras, cristalinas e muito sérias. Dado esta análise ter valor global, não é só neste país que os protestos serão grandes. Mas sempre foi assim. Quem grita não tem razão. Ou tem medo. Acima de tudo, já não adianta. Mediante a confusão da actual situação política, na qual ninguém consegue endireitar seja o que for, talvez seja mais aconselhável continuar a mentir. Com cada dia de mentira que passa, o monte de lixo que sobeja acabará por ficar cada vez maior e mais imundo.
Muito do que Simone Weil escreve é o plano perfeito para uma coisa: a manhã iluminada. É do coração que deve vir a força criativa, não apenas do intelecto dirigido pela cobiça. É a única solução. Porém, será preciso lutar muito para que este modo de vida – o mais nobre de todos – possa ser instalado totalmente.
Não podendo deixar de ser de outra forma, o trabalho começa, evidentemente, em nós, em cada um de nós. Esta força, esse poder está presentemente a ser instalado e ninguém conseguirá fugir-lhe.
Olhando para trás, o que nos vamos rir da nossa tolice e dos sistemas absurdos e doentes, sim, até mortíferos, deste governo mundial!
Parece ter chegado a altura para uma revolução suave que, na realidade, vai ser o mais duro golpe de sempre. Está na altura para a abolição geral de todos os partidos políticos. Está na altura para a conversão e o amanhã iluminado.

Fonte: http://info.kopp-verlag.de/hintergruende/deutschland/eva-herman/sanfte-revolution-gedanken-zur-generellen-abschaffung-der-politischen-parteien.html