segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Ovalhamedeus,...A RATA.
RATA- Reforma Administrativa do Território Autárquico,…..sinónimo de
Relvas.
A actual pseudo- reforma administrativa de Miguel Relvas, é inodora,
incolor e sem sabor. Uma brincadeira de crianças, que não aquece nem arrefece.
Se dois Hospitais Distritais chegam para gerir a saúde e a vida , duas
Autarquias por distrito, chegam muito melhor, para gerir o território e
concursos/obras com maior racional, eficácia e menos corrupçãol!
Poupem-se as freguesias, e aproveitem-nas para a gestão de proximidade,
de pessoal de manutenção, de equipamentos e infraestuturas sem burocracias. Trinta
e seis Câmaras Municipais, duas Juntas Metropolitanas e as Freguesias com
atribuições próximas do que são as Marie´s em França,…ligeiramente
reapetrechadas. Teriamos Reforma Administrativa com Regionalazão em simultâneo.
Se não impusermos, por imperativo democrático, poupança, regras de
transparência e competência de gestão aos autarcas, e não forçarmos em lei uma
supervisão sistemática dos gastos municipais, serão os nossos credores a
fazê-lo. Se este governo pensa que pode ensinar os dez milhões de burros que
pagam impostos a não comer, nem beber, desengane-se. À medida que forem
perdendo peso, pagarão menos impostos, e depois de mortos ainda custarão, pelo
menos, um caixão cada um!
O governo deve desenhar com os deputados a inadiável reforma autárquica
de uma ponta à outra, em vez de mercadejar remendos de merceeiro aos alcaides
("...as autarquias devem desistir de processos"). E deve discuti-la
no parlamento, e deve promover o debate público sobre o tema, e deveria mesmo
levá-la a referendo. Se o povo não quiser racionalizar a administração local,
então pagará do seu bolso o preço do imobilismo e da ignorância. O exemplo
grego está aí para todos vermos como vão ser os futuros estados falhados da
Europa.
O principal da reforma autárquica deve começar pelas regiões de Lisboa e
do Porto, e não pelas freguesias rurais! É em Lisboa e no Porto que se deve
eliminar a principal gordura autárquica, fundindo freguesias, e sobretudo
criando duas cidades-região como são hoje todas as grandes cidades que funcionam
bem: Londres, Paris, Pequim...
Á minha fé lá chegaremos,....tarde e má hora, mas lá chegaremos,...as
limitações financeiras, e a necessidade de eficácia política o obrigará.
EM CADA QUINTA,....Um Hotel Rural!
Então a nossa passagem para modernização na
agricultura , consiste num regresso familiar à produção de subsistência!? Ao
quintal, é!? É só para saber.
Não há nada de geração espontânea, não há quase
nada que as fábricas efectivamente produzam que não passe primeiro pela
íngricola,....até aquela cerveja loira e fresquinha, não se faz sem cevada,,..o
uísque, etc. Enfim em cada Quinta uma Fábrica ,....não !? Em cada Quinta um
Hotel Rural.!Para isso há dinheiro,...
Eventualmente a alugar uns quartos,….é melhor,
mais elegante.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Anthony Bourdain em "No Reservations" faz retrato sobre Lisboa
Tony Bourdain passou por Lisboa para rodar um episódio da sua mítica série No Reservations. Uma viagem marcada pelas peculiaridades da nossa cultura em tempo de crise, dando a conhecer a revolução em curso na cozinha portuguesa pelas mãos de uma nova geração dechefs que misturam um olhar contemporâneo com a história e as tradições da nossa gastronomia.
domingo, 13 de maio de 2012
Catastroika (legendas em português)
Que pensar, que dizer?
A única ideia que me ocorre ao ver este documentário , é a de que entre todas as ditaduras, a do capital ainda é mais tolerável.
sábado, 12 de maio de 2012
Salvados: Cuando éramos ricos
O laxismo que conduziu a política
expansionista de obras públicas não é um exclusivo português. O humorista
espanhol Jordi Évole fez um retrato brutal da realidade de Espanha no seu
programa Salvados, num
extraordinário episódio intitulado Cuando éramos ricos.
O que se dá a conhecer é o cenário
trágico de uma política justificada por motivos ideológicos, isentos de
qualquer fundamentação técnica real, a reboque do lobbying de grupos da
construção, da banca e de áreas sectoriais directamente envolvidas. Sem meias
palavras, trata-se de um crime inter-geracional cometido por agentes políticos
e económicos que fomentaram uma economia de superavits de curto prazo através
de um endividamento massivo de longo prazo.
O exemplo de Espanha difere de Portugal
apenas em escala. Em tudo o mais prosseguimos um modelo de desenvolvimento
semelhante, repetidamente experimentado e comprovadamente ineficaz. Uma
política movida por grupos de influência que se habituaram a viver do orçamento
de Estado e cuja agenda comprometeu a sustentabilidade da restante economia,
votando-nos a um doloroso processo de empobrecimento sem fim à vista.
O programa pode ser visto na página
oficial do canal laSexta, aqui.
Nota: o episódio completo passa depois de uma
breve introdução inicial e de um pequeno intervalo de publicidade.
A Notícía !
"A NOTÌCIA
Londres prepara separação das actividades da banca
Pedro Duarte
10/05/12 00:05
Cameron quer dividir a banca comercial da de investimento."
A separação entre a banca comercial (retalho) e a
banca de investimento é a melhor notícia desde que a crise deflagrou! E está a
passar ao lado da comunicação social, dos comentadores políticos e dos economistas....Mundo estranho! Pouco perceberei de bancos, de economia global, ainda menos da comunicação social dos dias de hoje e menos ainda dos nobres desígnios da politica...
A sentimento, "reclamo-o" à mais de dois anos. Só podia ser! Ou a humanidade tinha
perdido o juízo ou acabaria por acontecer. O que me espanta é que seja a City de London a primeira a fazê-lo - jamais me passaria pela cabeça.....acreditava fosse o último a aceitá-lo.
Naturalmente as comissões de gestão vão
aumentar o preço do dinheiro, mas passará a haver a certeza de que à banca
comercial , não resta alternativa senão fazer o financiamento da economia real
e regional, onde se insere, sob pena de ter de fechar portas. Por outro lado
espelhar-se-á a dimensão económica dos mercados de origem e recuperar-se-á a
dimensão geográfica e a escala humana das actividades económicas, reduzindo sobremaneira a
velocidade de circulação do dinheiro - (re)tornar-se-á , progressivamente, ao modo de vida bem
menos acelerado, sem prejuízo do processo de globalização assistiremos a um
abaixamento da especulação sobre commodities, etc....são inúmeros as
reconquistas .
· Dir-se-á , que o preço
do dinheiro vai aumentar, Ok! Mas vai passar a haver Que nos interessa que
ele seja barato , se não aparece a financiar as economias locais ?!
É surpreendente o exemplo vir de Londres. Mais surpreendente ainda é tamanha mudança estrutural não ser noticia, tão pouco nunca ser reclamada por políticos,economistas e afins, nesta Europa em crise financeira global....
Exigir a separação entre a banca de retalho e a banca de investimento, poderá não resolver a crise, mas será um passo de gigante,....
"A NOTÌCIA"
"Londres prepara separação das actividades da banca
Pedro Duarte
10/05/12 00:05
Cameron quer dividir a banca comercial da de investimento."
"O governo britânico também vai avançar com uma reforma do sector financeiro, que inclui a divisão das actividades de investimento das instituições financeiras das da banca comercial.
O anúncio das intenções do executivo de David Cameron, foi ontem a base do discurso da rainha Isabel II, durante o tradicional discurso da abertura do ano legislativo no parlamento.
O discurso real também incluiu mais uma dezena de medidas, entre as quais a exclusão da participação britânica em qualquer resgate financeiro na zona euro. "O governo está a tomar medidas difíceis para relançar o crescimento. Todos têm que fazer cortes", disseram em comunicado Cameron e o seu parceiro de coligação, o Liberal Democrata Nick Clegg. "
quarta-feira, 28 de março de 2012
AVALAIAÇÃO GERAL OU DEFORMAÇÃO GERAL ?
O valor patrimonial não foi definido. O objectivo era criar um imposto que aliviasse o Estado central nas transferências para os municípios, criando novas receitas. Quanto mais imóveis a autarquia tenha, mais receitas cobra aos proprietários e menos pedirá ao Estado – mesmo que os inquilinos tenham rendas mais ou menos congeladas ou as casas estejam vagas.
A justificação moral foi simples: é justo que o município seja ressarcido dos custos que suporta com os prédios, tais como iluminação, escolas, ruas, água. A primeira deformação ideológica assentou, assim, numa contradição: a grande maioria dos serviços municipais é prestada não ao proprietário, quanto tal, mas ao utente (inquilino ou proprietário). Os prédios não produzem esgotos nem bebem água ou vão ao jardim. Nem usam transportes. Os utentes, sim.
Mas afinal o que é o esfíngico "valor patrimonial" do prédio? Medina Carreira liderou uma das sucessivas comissões. Mas os modelos matemáticos, quando ensaiados, acabavam sempre por ofender interesses. Dos mais ricos que fazem lóbi. Ou da classe média-baixa que vota. Se satisfaziam o Cacém, entravam nos bolsos da Quinta da Marinha. E nova Comissão se sucedia.
Os mais prudentes ou abastados deixaram de ser proprietários de imóveis. Compraram "papel-pedra" ou passaram a ocupar prédios luxuosos de empresas ou de residentes em offshores.
Quando os príncipes precisaram de mais dinheiro, criaram o "imposto das janelas": o cobrador só tinha que contar as janelas e aplicar a tabela. Os sovinas mais cautelosos passaram a eliminar muitas janelas: antes às escuras, sem ventilação e com doenças, do que dar dinheiro ao "tirano".
Séculos depois, o Estado português criou as condições para que a globalização financeira gerasse o mundo fabuloso dos derivados das obrigações hipotecárias. Todos estavam interessados na subida do valor dos imóveis, desde os municípios ao Governo, passando pelos mediadores, os bancos e as famílias. Foi a segunda grande deformação. Ruiu quando a grande recessão rebentou em 2008 e o "valor" dos imóveis começou a evaporar-se. Ricos da classe média passaram a "ninjas". A dívida soberana subiu à estratosfera, o monstro acordou. A União Europeia, o BCE e o FMI vieram fazer o empréstimo de último recurso. E a cobrança da primeira factura. Em menos de 15 dias a troika fez o que faz qualquer príncipe que leia Maquiavel: contar as casas e calcular o montante a cobrar ao povo. A terceira deformação decorre do facto de os proprietários serem falsos: são milhões de famílias que ainda devem parte da casa ao banco. E podem ficar sem emprego. E sem a casa.
Cinco milhões de imóveis, a 30 euros por ano, "rendem" 150 milhões de euros. Já pagam parte dos juros anuais para os credores. Um ano para fazer a Avaliação Geral. Claro que aumentar o valor patrimonial, quando o valor de mercado está em queda é uma contradição. É a quarta grande deformação. Proudhon dizia que a propriedade é um roubo – excepto as pequenas casas, como a dele próprio. Na minha aldeia diz-se que quem rouba a ladrão tem cem anos de perdão.
Mas o valor patrimonial, afinal o que é? O valor patrimonial é um postulado. Os Órgãos de Soberania postulam como é calculado, com regras jurídicas cautelarmente complexas, às vezes enviesadas, muitas vezes vagas. O Decreto-Lei 287/2003 já vai na 20ª (vigésima) alteração. As dúvidas entre os próprios especialistas exigem "Circulares" de interpretação. A troika quer certezas. A soma dos valores patrimoniais tem de produzir, pelo menos, mais 150 milhões de euros de imposto por ano.
Passos Coelho porfia em provar que vai além da troika. Só não disse quantos milhões, dezenas ou centenas de milhões pensa colher a mais, dos (pseudo) proprietários das casas. Ao olharmos para os colossais milhões da dívida das autarquias, agora revelados, o melhor é Gaspar criar mais uma "almofada". Quem paga mais 30 euros também paga mais 60. Ou cem.
Presidente da Direcção da Associação Portuguesa dos Avaliadores de EngenhariaAníbal de Freitas Lopes
Aqui: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=547081&pn=1
A justificação moral foi simples: é justo que o município seja ressarcido dos custos que suporta com os prédios, tais como iluminação, escolas, ruas, água. A primeira deformação ideológica assentou, assim, numa contradição: a grande maioria dos serviços municipais é prestada não ao proprietário, quanto tal, mas ao utente (inquilino ou proprietário). Os prédios não produzem esgotos nem bebem água ou vão ao jardim. Nem usam transportes. Os utentes, sim.
Mas afinal o que é o esfíngico "valor patrimonial" do prédio? Medina Carreira liderou uma das sucessivas comissões. Mas os modelos matemáticos, quando ensaiados, acabavam sempre por ofender interesses. Dos mais ricos que fazem lóbi. Ou da classe média-baixa que vota. Se satisfaziam o Cacém, entravam nos bolsos da Quinta da Marinha. E nova Comissão se sucedia.
Os mais prudentes ou abastados deixaram de ser proprietários de imóveis. Compraram "papel-pedra" ou passaram a ocupar prédios luxuosos de empresas ou de residentes em offshores.
Quando os príncipes precisaram de mais dinheiro, criaram o "imposto das janelas": o cobrador só tinha que contar as janelas e aplicar a tabela. Os sovinas mais cautelosos passaram a eliminar muitas janelas: antes às escuras, sem ventilação e com doenças, do que dar dinheiro ao "tirano".
Séculos depois, o Estado português criou as condições para que a globalização financeira gerasse o mundo fabuloso dos derivados das obrigações hipotecárias. Todos estavam interessados na subida do valor dos imóveis, desde os municípios ao Governo, passando pelos mediadores, os bancos e as famílias. Foi a segunda grande deformação. Ruiu quando a grande recessão rebentou em 2008 e o "valor" dos imóveis começou a evaporar-se. Ricos da classe média passaram a "ninjas". A dívida soberana subiu à estratosfera, o monstro acordou. A União Europeia, o BCE e o FMI vieram fazer o empréstimo de último recurso. E a cobrança da primeira factura. Em menos de 15 dias a troika fez o que faz qualquer príncipe que leia Maquiavel: contar as casas e calcular o montante a cobrar ao povo. A terceira deformação decorre do facto de os proprietários serem falsos: são milhões de famílias que ainda devem parte da casa ao banco. E podem ficar sem emprego. E sem a casa.
Cinco milhões de imóveis, a 30 euros por ano, "rendem" 150 milhões de euros. Já pagam parte dos juros anuais para os credores. Um ano para fazer a Avaliação Geral. Claro que aumentar o valor patrimonial, quando o valor de mercado está em queda é uma contradição. É a quarta grande deformação. Proudhon dizia que a propriedade é um roubo – excepto as pequenas casas, como a dele próprio. Na minha aldeia diz-se que quem rouba a ladrão tem cem anos de perdão.
Mas o valor patrimonial, afinal o que é? O valor patrimonial é um postulado. Os Órgãos de Soberania postulam como é calculado, com regras jurídicas cautelarmente complexas, às vezes enviesadas, muitas vezes vagas. O Decreto-Lei 287/2003 já vai na 20ª (vigésima) alteração. As dúvidas entre os próprios especialistas exigem "Circulares" de interpretação. A troika quer certezas. A soma dos valores patrimoniais tem de produzir, pelo menos, mais 150 milhões de euros de imposto por ano.
Passos Coelho porfia em provar que vai além da troika. Só não disse quantos milhões, dezenas ou centenas de milhões pensa colher a mais, dos (pseudo) proprietários das casas. Ao olharmos para os colossais milhões da dívida das autarquias, agora revelados, o melhor é Gaspar criar mais uma "almofada". Quem paga mais 30 euros também paga mais 60. Ou cem.
Presidente da Direcção da Associação Portuguesa dos Avaliadores de EngenhariaAníbal de Freitas Lopes
Aqui: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=547081&pn=1
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
MOV dos Conscientes,.... “ou não”
Fartos das Inspecções com carácter pedagógico, reclamamos por uma pequeníssima alteração da redacção ,do Artigo 18º-A , nº1, Lei n.º 34/87, por forma a que onde se lê:
“consciente da desconformidade da sua conduta com as normas…”
passe a ler-se:
“consciente , ou não, da desconformidade da sua conduta com as normas…”
Como justificação e sustentação deste Movimento, a transcrição de pequenos trechos sobre a responsabilidade política em geral do Estado e seus agentes, da autoria de Tiago João Lopes Gonçalves de Azevedo, da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado por Danos Decorrentes da Função "POLÍTICOLEGISLATIVA" :
“”A responsabilidade civil do Estado tem sido tratada pelos órgãos legislativos desde a década de 60, do século passado. Todavia, não se pense que a evolução tem sido rápida, moderna e consensual. Não. Aliás, na verdade, o grande impulsionador desta evolução não tem sido o Estado português, como à primeira vista se poderia pensar, mas têm sido as instâncias internacionais, maxime o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem2 e o Tribunal de Justiça das Comunidades.
………
Até 2007, o legislador, pelo menos explicitamente, não comungava com a ideia de indemnizar o lesado, o cidadão, pelo exercício do Poder.
…….
Concluindo,…
Os cidadãos continuam desprotegidos pelo direito interno. Mais uma vez, o direito externo (no caso, o direito comunitário) é que protege de forma mais justa, equilibrada e eficaz os cidadãos. E mais uma vez, Portugal sujeita-se a ser parte passiva em acções de responsabilidade perante o TJ.””
sábado, 14 de janeiro de 2012
UM CAFÉ E UM CIGARRO
"Há coisas que no imaginário constituem a história de uma vida, perdê-las pode exigir (re)significar a própria vida."
Data: aproximadamente nove horas da manhã do dia 19 de abril de 2011.
Local: café da Galeria Chami, no calçadão de Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Seria uma manhã absolutamente normal se não fosse pela cena comovente que vi se repetir dur......ante os dez minutos em que eu bicava um café expresso: um a um, os senhores que ali estavam – como eu, tomando café – dirigiam-se imediatamente para o calçadão para acender seus cigarros. Ao constatar a ausência dos tradicionais cinzeiros no balcão, não me contive e perguntei se o fumo estava proibido por ali. Vocês já sabem qual foi a resposta que obtive.
É justo que eu inicie este novo espaço comentando precisamente esse tema, pois a idéia de um espaço para “entretenimento existencialista” surgiu precisamente em discussões sobre a proibição do fumo em espaços públicos. Discussões das quais saí com o mesmo sentimento que, penso, deve ser um dos mais fundamentais da existência humana: a melancolia de perceber a impiedosa passagem do tempo, que não deixa nada incólume, que não perdoa nem indivíduos nem costumes. É com essa melancolia que sou forçado a admitir: o tempo do cigarro está acabando.
Sei que defender um hábito como o tabagismo é trair a idéia do que seja politicamente correto. Contudo, é mais fácil trair uma idéia vazia do que trair as vívidas memórias de meus primeiros anos de vida, onde assistia meus pais e minha avó materna jogando cartas na mesa da sala de estar, fumegando seus Ritz e Palace durante as noites de minha infância. Ou a lembrança das latinhas de creme Nívea de minha tia, cheia de filtros vermelhos de Hollywood. Ou mesmo a lembrança da primeira tragada – e a subseqüente tontura – na aurora dos meus dezoito anos (sim, dezoito!), de um cigarro mentolado oferecido por um amigo durante uma festa.
Como este é um espaço existencialista, não preciso nem dizer que os episódios descritos no parágrafo acima não poderiam servir como justificativas para a adoção do hábito: um vício conhecido e reconhecido como tal já não é – ou não deveria ser – exatamente um vício. Evoco essas imagens apenas para, sob a proteção de diversos pensadores, tornar mais nítidos os contornos de uma outra idéia: a de que os vícios são, ao lado das virtudes, tão constitutivos de nossas individualidades quanto as virtudes.
O café que tomei há cerca de uma hora foi, sim, o mais melancólico que já tomei. Qualquer fumante sabe o quanto um café pede, exige, implora por um cigarro. Qualquer fumante sabe o quanto a experiência de fazer uma pausa para beber um café fica incompleta sem o cigarro. Sei que me refiro aqui a uma experiência simbólica, que me refiro a camadas de sentido que podem, com algum esforço, desaparecer completamente da experiência. Um esforço que eu chamaria, contudo, de empobrecimento da experiência. Pois reduzir o cigarro e o café àquilo que eles são em si mesmos e destituí-los do lugar privilegiado que ocupam no dia-a-dia de um “viciado” é simplesmente arruinar um “esconderijo” do devir cotidiano. E é uma destruição operada através de uma “lucidez fenomenológica” cujas forças ninguém teria a crueldade de lançar sobre outras dimensões da vida: quem consegue imaginar, por exemplo, o que sobraria da religiosidade e/ou da sexualidade se estas fossem despidas de seus aspectos “mágicos”?
(Talvez uma análise um pouco mais precisa e demorada revelaria um empobrecimento da experiência também nestas dimensões da vida, e essa seja uma das razões da miséria existencial de nossos dias. Mas esse seria assunto para um próximo texto.)
É claro que é possível existir no deserto de lucidez de uma experiência empobrecida – isto é, encarar a religiosidade como apanágio imaginário, a sexualidade como mero impulso fisiológico, o tabaco como uma erva que queima e faz mal, etc. Talvez não exatamente viver, mas sobreviver. E a lucidez é evidentemente uma virtude necessária, até mesmo para que os indivíduos não sucumbam à tentação do anacronismo (tentação da qual não sei por quanto tempo conseguirei estar à salvo, uma vez que já me embaraça aos 25 anos) ou de outras neuroses nas quais seja possível fazer trincheira e sobreviver. Contudo, confesso: não realizo essas reduções fenomenológicas até que as julgue necessárias. Assim, é sem embaraço que me permito um pequeno delírio: o delírio de dizer que sei que a ironia é uma lei do acaso, e que eventualmente o cigarro, que tanto defendo, pode me tirar um pulmão, alguns dentes, alguns entes queridos ou, em última instância, minha própria vida. Mas que, no fundo, a perda dos dentes, do fôlego ou dos entes queridos são expressões de nossa finitude essencial. Finitude com a qual temos que aprender a conviver, com ou sem melancolia.
Sic "Café e Melancolia"
É justo que eu inicie este novo espaço comentando precisamente esse tema, pois a idéia de um espaço para “entretenimento existencialista” surgiu precisamente em discussões sobre a proibição do fumo em espaços públicos. Discussões das quais saí com o mesmo sentimento que, penso, deve ser um dos mais fundamentais da existência humana: a melancolia de perceber a impiedosa passagem do tempo, que não deixa nada incólume, que não perdoa nem indivíduos nem costumes. É com essa melancolia que sou forçado a admitir: o tempo do cigarro está acabando.
Sei que defender um hábito como o tabagismo é trair a idéia do que seja politicamente correto. Contudo, é mais fácil trair uma idéia vazia do que trair as vívidas memórias de meus primeiros anos de vida, onde assistia meus pais e minha avó materna jogando cartas na mesa da sala de estar, fumegando seus Ritz e Palace durante as noites de minha infância. Ou a lembrança das latinhas de creme Nívea de minha tia, cheia de filtros vermelhos de Hollywood. Ou mesmo a lembrança da primeira tragada – e a subseqüente tontura – na aurora dos meus dezoito anos (sim, dezoito!), de um cigarro mentolado oferecido por um amigo durante uma festa.
Como este é um espaço existencialista, não preciso nem dizer que os episódios descritos no parágrafo acima não poderiam servir como justificativas para a adoção do hábito: um vício conhecido e reconhecido como tal já não é – ou não deveria ser – exatamente um vício. Evoco essas imagens apenas para, sob a proteção de diversos pensadores, tornar mais nítidos os contornos de uma outra idéia: a de que os vícios são, ao lado das virtudes, tão constitutivos de nossas individualidades quanto as virtudes.
O café que tomei há cerca de uma hora foi, sim, o mais melancólico que já tomei. Qualquer fumante sabe o quanto um café pede, exige, implora por um cigarro. Qualquer fumante sabe o quanto a experiência de fazer uma pausa para beber um café fica incompleta sem o cigarro. Sei que me refiro aqui a uma experiência simbólica, que me refiro a camadas de sentido que podem, com algum esforço, desaparecer completamente da experiência. Um esforço que eu chamaria, contudo, de empobrecimento da experiência. Pois reduzir o cigarro e o café àquilo que eles são em si mesmos e destituí-los do lugar privilegiado que ocupam no dia-a-dia de um “viciado” é simplesmente arruinar um “esconderijo” do devir cotidiano. E é uma destruição operada através de uma “lucidez fenomenológica” cujas forças ninguém teria a crueldade de lançar sobre outras dimensões da vida: quem consegue imaginar, por exemplo, o que sobraria da religiosidade e/ou da sexualidade se estas fossem despidas de seus aspectos “mágicos”?
(Talvez uma análise um pouco mais precisa e demorada revelaria um empobrecimento da experiência também nestas dimensões da vida, e essa seja uma das razões da miséria existencial de nossos dias. Mas esse seria assunto para um próximo texto.)
É claro que é possível existir no deserto de lucidez de uma experiência empobrecida – isto é, encarar a religiosidade como apanágio imaginário, a sexualidade como mero impulso fisiológico, o tabaco como uma erva que queima e faz mal, etc. Talvez não exatamente viver, mas sobreviver. E a lucidez é evidentemente uma virtude necessária, até mesmo para que os indivíduos não sucumbam à tentação do anacronismo (tentação da qual não sei por quanto tempo conseguirei estar à salvo, uma vez que já me embaraça aos 25 anos) ou de outras neuroses nas quais seja possível fazer trincheira e sobreviver. Contudo, confesso: não realizo essas reduções fenomenológicas até que as julgue necessárias. Assim, é sem embaraço que me permito um pequeno delírio: o delírio de dizer que sei que a ironia é uma lei do acaso, e que eventualmente o cigarro, que tanto defendo, pode me tirar um pulmão, alguns dentes, alguns entes queridos ou, em última instância, minha própria vida. Mas que, no fundo, a perda dos dentes, do fôlego ou dos entes queridos são expressões de nossa finitude essencial. Finitude com a qual temos que aprender a conviver, com ou sem melancolia.
Sic "Café e Melancolia"
ENTRE AHPOISDEI´S E MASSONCHETA´S
Ovalhamedeus,... entalado entre AHPOISDEI e MASSONCHETA`S, lá vou vivendo a crise como um verdadeiro BÁRBARO, em respeito pela LEI e ORDEM MINORCA.
É muito simples de entender oh Iluminado! Em ordem a todos esses valores de Fraternidade ,está necessáriamente a obediência à consensualizada Lei Geral, entendida como a expressão da suprema filosofia na defesa do bem comum, que o comum dos cidadãos deve e é obrigado a respeitar ! Lei e Ordem que enquanto vigora , todos lhe devem obediência, incluso o Supremo Juiz, a quem está confiada a sua guarda!
É fácil de perceber que sociedades perspassadas por outras Ordens de Obediência Superior, à Lei que se pretende Universal embora possam até ser por seus protagonistas tidas e legitimadas como estados de alma pessoais sobredotados de Verdade, devem cumprir o desiderato do confronto de suas virtudes na praça pública e perante os homens comuns,....única forma de os elevar ao mesmo estado de graça.
Senão , estaremos perante um subterfúgio de auto-legitimação para toda a espécie de crime!
Muita gente ignorará, ( a outros convirá) que a perseguição aos judeus, feita pelo regime Nazi, não foi uma pretensão ( como se faz crer) ou tentativa de apuramento de uma "raça" Iraniana superior, mas antes a necessidade de acabar com tal pretensão, pelos que então perspassavam a ordem e a regra e que como outsider´s se constituiam em Ordem Própria como um Estado dentro de outro Estado, PARASITANDO-O.
Quando a Liberdade e a Democracia chegar, espero e faço sincero votos de que o agora Homem Comum, seja infinitamente mais generoso, com seus pares Iluminados....
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
HIGIENO FASCISTAS
Este texto de António Ribeiro Ferreira, no "Jornal i", expressa bem o fascismo normativo da nossa sociedade
O Estado não tem o direito de dizer o que devemos comer, beber ou fumar, porque faz parte da liber...dade individual de cada um. Isto claro, a partir do momento que as nossas acções não prejudiquem terceiros.
É com base no chamado "interesse público" que o Estado se permite invadir o direito de propriedade de um restaurante privado, alegando falsamente que seu espaço é público. Esse restaurante, bar ou discoteca deveria poder decidir se autoriza que se possa fumar no seu estabelecimento, sendo que os não-fumadores têm a liberdade de não o frequentar. Da mesma forma os fumadores podem não frequentar os estabelecimentos onde não poderão fumar. Casos há em que ambos poderão conviver se assim o desejarem.Estas campanhas agressivas de limitação e normalização dos direitos individuais, apresentadas como leis justas que promovem o bem estar, é mais um passo. Já se fala em proibição de fumar na rua em frente a um restaurante, depois será nos nossos próprios caro e virá o dia em que seremos inspeccionados nas nossas casas onde também será proibido fumar.
Após este balão de ensaio, o Estado, sempre em nome do nosso bem-estar, irá legislar sobre a nossa alimentação, os nossos gostos, os nossos passatempos, a nossa rede de amigos,...
O Estado não tem o direito de dizer o que devemos comer, beber ou fumar, porque faz parte da liber...dade individual de cada um. Isto claro, a partir do momento que as nossas acções não prejudiquem terceiros.
É com base no chamado "interesse público" que o Estado se permite invadir o direito de propriedade de um restaurante privado, alegando falsamente que seu espaço é público. Esse restaurante, bar ou discoteca deveria poder decidir se autoriza que se possa fumar no seu estabelecimento, sendo que os não-fumadores têm a liberdade de não o frequentar. Da mesma forma os fumadores podem não frequentar os estabelecimentos onde não poderão fumar. Casos há em que ambos poderão conviver se assim o desejarem.Estas campanhas agressivas de limitação e normalização dos direitos individuais, apresentadas como leis justas que promovem o bem estar, é mais um passo. Já se fala em proibição de fumar na rua em frente a um restaurante, depois será nos nossos próprios caro e virá o dia em que seremos inspeccionados nas nossas casas onde também será proibido fumar.
Após este balão de ensaio, o Estado, sempre em nome do nosso bem-estar, irá legislar sobre a nossa alimentação, os nossos gostos, os nossos passatempos, a nossa rede de amigos,...
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